8.3.09

Cão-guia os olhos do cego

O cão guia

Muito mais do que um companheiro de todas as horas, o cão-guia é para o deficiente visual um instrumento de locomoção. Assim como a bengala, auxilia o cego
a realizar atividades do dia-a-dia, como passear na calçada, andar de metrô e ônibus, entre outras. O cachorro mais utilizado para esta função é o labrador,
mas outras vinte raças também são treinadas. Contudo existe uma linhagem específica de cães-guia. Ou seja, nem todo cão pode se tornar um acompanhante
de deficientes.
A advogada Thays Martinez conta que sua vida mudou desde que passou a andar acompanhada de seu cão Boris. “Ele me trouxe independência, vou a todos os lugares.
Boris substitui a bengala totalmente”, diz. Thays é presidente do Íris (Instituto de
Responsabilidade e Inclusão Social), que leva gratuitamente, todo
ano, oito pessoas para a Leader Dogs for the Blind, em Michigan, nos Estados Unidos. Lá, os
deficientes recebem um treinamento para lidar com cães-guia
e voltam ao Brasil com o animal, a custo zero.

Treinamento no Brasil
O Brasil ainda está engatinhando quando o assunto é o treinamento de cães-guia. O Íris está
programando a inauguração de um espaço adequado no próximo semestre,
em São Paulo. Um instrutor com quatro anos de especialização na Nova Zelândia em treinamento
de cães-guia será responsável por ensinar novos instrutores
e também usuários. Uma parceria com a prefeitura da cidade vai permitir a criação de um
espaço para o funcionamento do centro.

Outra instituição responsável pela instrução destes animais é a Integra (Instituto de
Integração Social e de Promoção da Cidadania), em Brasília. O treinamento
de cães-guia é ainda recente (cerca de três anos), mas um convênio com Fundação MIRA, do
Canadá, que há mais de 20 anos atua no ramo, vai permitir a entrega
de 15 a 18 cães-guia por ano, segundo meta apresentada no site oficial da Integra.

Livre acesso dos cães é polêmico
Thays diz que já enfrentou dificuldade de entrar em alguns lugares por estar com Boris ao
seu lado. “O mais complicado é entrar em restaurantes, pois os donos
têm medo de que isso vá espantar os clientes. Mas hoje, os próprios clientes vêm em defesa
do cão, graças à boa repercussão da novela”, avalia.

Assim como Thays, a professora Ethel Rosenfeld sabe bem como é essa barreira inicial ao
cachorro. Logo que trouxe dos EUA o labrador Gem, foi tentar assistir
a uma atração no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e foi barrada de entrar com seu
cão-guia, em março de 1998. Na época, Gem era o único cão-guia do Rio.
Foi preciso o programa “Fantástico” fazer uma matéria sobre o problema para que as
autoridades começassem a considerar a questão. Nem demorou tanto para
ela conseguir que a Secretaria Municipal de Saúde lhe concedesse uma autorização provisória
garantindo o ingresso de Gem em locais públicos. Logo em seguida,
a prefeitura baixou um decreto que estendeu esse direito a todos os cegos que tivessem
cães-guia na cidade. Mas às vezes é mais difícil fazer cumprir uma
lei do que aprová-la. “Só saio de casa com cópias plastificadas das leis que me garantem, já
sabendo que eventualmente terei que mostrá-las e enfrentar
a ignorância de pessoas que não gostariam que eu entrasse com o Gem em locais públicos. Às
vezes, isso desanima. Mas, felizmente, eu não sou do tipo que
se deixa abater”, ela conta. Hoje, ela comemora. “Não posso dizer que o problema acabou, mas
fico feliz em dizer que melhorou 90%. O Gem nunca mais foi
barrado no teatro. E agora, com a novela, eu sinto que as pessoas estão se conscientizando
ainda mais”, diz ela.

O direito do cego de andar livremente com seu guia é uma conquista recente. Somente este
ano, no dia 27 de junho, foi sancionada uma lei federal que permite
o livre acesso de cães-guia em locais públicos. A lei que permite o livre acesso de
cães-guia em locais públicos foi sancionada com dois artigos vetados.
Um deles é o que garante aos treinadores dos cães os mesmos direitos do usuário. O segundo é
o que determina que as escolas brasileiras de cães-guia sejam
reconhecidas pela Federação Internacional de Cães-guia.

Treinamento indiscriminado é perigoso
Uma grande preocupação atualmente é que amadores comecem a treinar cães. Somente instrutores
especializados podem fazer o trabalho. “Um treinamento mal-feito
pode colocar em risco a vida do deficiente, do animal e das outras pessoas”, explica Thays.

A advogada também faz questão de frisar que, apesar de cão-guia, o animal também deve ter
seus momentos de lazer. “Dentro de casa, quando eu tiro os equipamentos
(coleira e colete), Boris se transforma em um cachorro normal. Brinca, pula, faz gracinhas.
Mas quando põe o equipamento, ele fica todo sério, pronto para
o trabalho”.

Links úteis
Para saber mais, entre em contato com as instituições que fazem esse tipo de trabalho no
Brasil. Lá, você vai ter todas as informações que precisa.

ÍrisTel.: (11) 3644-8566

IntegraTel.: (61) 3442-7900

Fonte:
Globo novela América

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