8.11.10

Jornalista diz ser contra o cão-guia

Olá gente! há algum tempo não escrevo. Mas chegou a hora de mais um poust.
Abaixo, colo os argumentos - se é que se pode chamar isso de argumentos -, de um jornalista - se é que se pode chamar uma pessoa assim de jornalista -, explicando porque é contra o cão-guia... Abaixo desses argumentos, eu e um outro usuário de cão-guia rebatemos tais argumentos, e explicamos porque somos felizes usuários ou melhor, temos por companheiros e amigos, nossos cães-guia
Tudo foi retirado do blog do Beto Pereira
 
 

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Beto,
 
Descobri seu blog através de uma busca na internet sobre cães-guias. A partir de então, lhe sigo pelo Twitter e gostaria que você conhecesse um pouco de minha história.
Diferentemente de você, não sou deficiente visual, físico ou auditivo, nem sou portador de qualquer outra deficiência crônica, congênita ou adquirida. Tenho quase 30 anos, sou jornalista e convivo há cerca de um ano com um amigo cego que teria e tem à sua disposição oportunidade para se dar bem na vida do modo mais indolor, mas prefere seguir seus princípios e viver o máximo possível dentro da normalidade e realidade das outras pessoas. Antes de conhecê-lo, nunca vivenciei qualquer experiência ou relação com cegos, surdos ou paralíticos, exceto um primo distante, mas não convivia diariamente com este.
Pois bem. Esse meu amigo cego foi criado numa cidade do interior do Rio. Nasceu com baixa visão adquirida durante a gestação. A sua mãe teve toxoplasmose e foi apenas portadora da doença sem saber. Após ele, ela teve mais duas filhas, que nasceram sadias. Aos 18 anos, ele teve uma crise de sarampo que fez com que sua visão se perdesse completamente. Pois bem. Conhecendo um pouco de sua história de vida, percebi nele uma força de vontade e um desejo intenso de viver e lutar pelos seus direitos e deveres.
Um deles foi poder estudar. Após a crise de sarampo e consequente cegueira, ele ficou cerca de 10 anos sem poder estudar, já que não havia escolas preparadas para recebê-lo. Isso ele veio conseguir bem depois, na cidade do Rio de Janeiro. Ele fez supletivo para concluir o ensino médio, e estimulado pelos professores, tentou o vestibular em três instituições: Unirio, UFRJ e UFF. Nestas duas últimas, foi aprovado, mas preferiu cursar Letras/Latim na UFRJ. Ano passado, ele concluiu o bacharelado e ano que vem ele concluirá a licenciatura.
Eu o conheci por meio de um outro cego, que também morava numa instituição que abriga pessoas cegas e oferece diversos auxílios aos mesmos. Na ocasião, eu o levei ao Centro da cidade, e quando o visitei, conheci este de quem falo (o que estuda Letras). Tornei-me amigo dele e passamos a nos falar e nos conhecer cada vez mais. Desde o primeiro instante, nunca o tratei como coitado nem mesmo como cego. De acordo com o que ele mesmo me diz, sempre agi com naturalidade, como se já soubesse lidar com cegos, uma vez que nunca tive antes experiência parecida, o que lhe chamou a atenção.
No Rio, a vida dele se limitava aos estudos e a ir para casa (o abrigo onde morava). Quando nos conhecemos, passamos a ir à praia, aos shoppings, praças, lanchonetes, livrarias e realizar programas como qualquer pessoa faz. Sei que o cego é orientado pra se apoiar no ombro das pessoas ao caminhar, mas eu, devido ao laço de amizade que criei com ele, permiti que segurasse em meu antebraço para irmos a qualquer lugar. Meu desejo era que as pessoas vissem que o cego é uma pessoa como qualquer outra, mas com limitações que devem ser respeitadas, e que vissem o quanto ele é amado e querido por mim, que mais do que seu amigo, considero-me seu irmão. Hoje dividimos um apartamento, e diariamente, convivemos de forma amigável e respeitosa.
Ele também tem as mesmas opiniões que eu acerca disso tudo que narrei, e pode lhe confirmar cada letra, e por esta razão, eu venho me manifestar a respeito do uso de cães-guias para cegos que, ao contrário do que você e outros cegos defendem, não considero tão maravilhoso quanto se imagina.
A primeira objeção que faço é que o uso de cão-guia é um recurso caríssimo e restrito a uma parcela ínfima de outra minoria já existente, que são os deficientes visuais. Quantos cegos no Brasil têm condições de adquirir e sustentar um cão-guia?
A segunda objeção que faço é que, a meu ver, utilizar o animal para se dedicar quase que integralmente a uma atividade servil é uma verdadeira perversidade praticada contra a índole do bichinho. Você mesmo em seu blog menciona o que se deve ou não fazer com os mesmos quando estes estão conduzindo os seus donos. O cão deixa de ser um animal para ser uma máquina.
A terceira objeção é que, em minha opinião, um cão-guia para um cego não é sinônimo de independência, e sim de arrogância, de antissociabilidade e de autoexclusão. Ao mesmo tempo em que um cego deseja se incluir na sociedade e lutar por direitos, ele está se excluindo, se comportando de maneira arrogante em relação aos demais, denegrindo a imagem dos cegos e contribuindo para a sua estigmatização. Ou seja, você deixa de depender do ser humano, com quem você é capaz de interagir e se relacionar de forma recíproca para se relacionar com um ser inferior a você, que nada mais faz além daquilo que é próprio de sua natureza. Eu, se fosse cego, bem como este meu amigo que é cego, não nos sentiríamos bem, por exemplo, indo a um restaurante acompanhados de um cachorro. Estaríamos praticando um 'direito', mas expondo outras pessoas ao perigo de contágio com parasitas e outras doenças. O cão é limpinho? Sim, pode ser, mas o risco existe, de qualquer maneira. O ser humano pode se contaminar de outras formas? Claro que pode, mas não queira rebaixar o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, ao nível dos cachorros, que apesar de amáveis, dóceis e graciosos, nada mais são do que animais, instintivos e só.
A quarta objeção é que pra mim a utilização de cão-guia afasta algumas pessoas de você. Muitas pessoas são alérgicas e/ou sentem medo de cães, e ficam receosas sobre o que eles podem ou não fazer, mesmo que você diga que o cão-guia é dócil e treinado. Você deixa de viver o seu mundo, o mundo humano, pra se relacionar com cachorros, animais. Ninguém é obrigado a gostar de cães, mas acho que de seres humanos, a pessoa deve se esforçar pelo menos para viver de forma harmoniosa. Eu já acho algo incoerente pessoas que gastam milhares de reais em petshop, mas são incapazes de fazer o bem a um morador de rua, uma criança, um idoso ou uma pessoa comum, mesmo não sendo especial. Pessoas que agem de tal forma, a meu ver, são mal resolvidas socialmente ou possuem algum tipo de trauma. E da mesma forma, não penso que seja tão 'cult', 'in' alguém utilizar cão-guia. Você tem esse direito? Ótimo pra você, mas penso que se o exercício desse direito gera ônus para outrem, isso não seja tão justo. Se você luta tanto por inclusão e geração de direitos para cegos e outras pessoas com deficiência, penso que o uso do cão-guia não deve ser uma bandeira a ser levantada e defendida como se fosse a única ou melhor alternativa pra inclusão do cego na sociedade, até porque a sua utilização é restrita à minoria dos deficientes visuais.
Ou você acha, por exemplo, que meu amigo em questão preferiria a companhia de um cachorro a de um outro amigo? Deixo que reflita sobre isso.
Um abraço!
 
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 Beto
em novembro 5th, 2010 @ 11:54
Prezado Marcel Victor Sousa
 
Primeiramente, grato por nos escrever.
 
Embora discorde de suas colocações, mas seja totalmente a favor da liberdade de opinião, faço questão de publicar seus comentários neste espaço, como também me dou o direito de contrapor algumas questões expostas por sua pessoa.
De início, parabéns por tão bonita amizade com seu amigo, e por sua postura que mesmo intuitiva para com ele e sua deficiência, dera tão bom resultado para ambos, porém devo lamentar que você enquanto um jornalista, se limite ao pequeno universo com o qual atua, quando temos uma diversidade na diversidade, dentre as milhões de pessoas com deficiência seja ela qual for.
 
Quando você fala que não considera a utilização do cão-guia tão maravilhosa quanto se imagina, entendo que cada pessoa tem todo o direito de concordar ou não com o que quer que seja, porém seu posicionamento que de início até me pareceu com respeito, ao longo de seu texto, chega à intolerância e discriminação, visto partir de uma pessoa que não vivencia as diversas nuances da inclusão e do acesso e que se norteia apenas por aquilo que observa à distância ou pelo contato com poucas pessoas com deficiência e não portadores , paralíticos, surdos ou cegos como você denomina, por que antes das deficiências, estão as pessoas, bem como o direito legal, moral e social, de suas escolhas, sem contudo serem rotuladas tuteladas ou discriminadas como você sugere.
 
Realmente a maioria das pessoas cegas não contam com a possibilidade de adquirir um cão-guia, fato que eu só tenho a lamentar, pois sei quantas destas mesmas milhares de pessoas com as quais mantenho contato por conta de minhas atividades, sonham com um. Agora você não acha leviano tentar fundamentar sua opinião falando dos que tem acesso ao cão-guia e dos que não o tem, quando infelizmente vivemos em uma sociedade de bilhões de pessoas cerceadas do acesso a moradia digna, do acesso a educação, cultura, alimentação e tantos outros direitos 'basilares' como você mesmo fala, enquanto você, eu e tantos outros continuamos sob um abrigo, estudando, lendo, indo ao shopping, teatro e nos alimentando? Então, qual seria a diferença entre ter e não ter, poder e não poder? Será que no caso em questão, seria apenas a deficiência? E, assim sendo, não seria este um grande preconceito de vossa parte?
 
Você comete um grande equívoco quando fala que o cão-guia deixa de ser um animal para ser uma máquina. Eu que estou a 4 anos com um, creio que tenha um pouco de legitimidade para afirmar que ele como outros cães são seres que tem vida, necessidades e pasme, possui muita sensibilidade ao ponto de estabelecer uma parceria incrível onde não há relação trabalhista como alguns imaginam, mas sim de cumplicidade, amor e respeito e de muita qualidade de vida para ambos. No mais, quando você diz que cão-guia para um cego não é sinônimo de independência, e sim de arrogância, de antissociabilidade e de auto-exclusão, eu diria que a arrogância e a antissociabilidade, estão, por vezes, veladas, por outras, nítidas em pessoas que sem nenhuma experiência pessoal ou qualquer embasamento rotulam e condenam opções alheias.
 
Em tempo, nem eu e nem qualquer outro usuário de cão-guia que eu conheça, tem por objetivo denegrir a imagem de colegas que optem pelo uso da bengala. Ainda contrapondo seus argumentos, temos sim: independência e muita autonomia. Além de sermos respeitados pela maioria da população que admira a interação homem e cão. Assim, essa interação com o cão, em nenhum instante restringe aproximação de outras pessoas conforme você coloca, mas ao contrário, potencializa e é dessa mesma relação a qual você tanto critica, que podemos viajar, jantar em restaurantes, sair em turma, fazer passeio com amigos, paquerar, etc.. Assim, quero aclarar que de forma alguma O cão-guia representa restrição, mas possibilidades!
 
Em suas exposições, primeiro você fala que transformamos cães em máquinas, depois diz que estamos nos relacionando com seres inferiores, contradições óbvias na tentativa de justificar o injustificável , ou seja, embasar sua opinião de que estamos equivocados em compartilhar e de testemunhar a alegria e a qualidade de vida com esses nossos amigos de 4 patas. Seguindo em seus argumentos, você entra na questão que rebaixamos o ser humano à imagem de um cão, que não é o caso, e fala que o ser humanno foi criado à imagem e semelhança de Deus, ao que penso que seja muita pretensão de sua parte, querer rebaixar Deus à imagem do ser humano, sobre tudo, de alguns que apresentam grande dificuldade para viver em grupo e por conseqüência com as diferenças e escolhas de outrem.
 
No mais, quando temos uma legislação que versa acerca do acesso, direitos e deveres do usuário de cão-guia, quando esses mesmos usuários adotam todas as medidas de assepsia, afirmações infundadas acerca de qualquer possibilidade de transmição de doença por sua utilização,é no mínimo apelar quando da ausência de argumentos plausíveis.
 
Como já coloquei em algumas oportunidades, eu não entro com meu cão-guia no carro ou vou há casa de um amigo que não simpatiza com a utilização desse recurso, porém quando falamos de um hotel, um restaurante, um transporte público ou qualquer outro local público ou privado de uso coletivo, prevalece o direito de ir e vir e o acesso de pessoas com qualquer deficiência que esteja utilizando dos recursos a ela necessários, e isso, é assegurado por lei, cabendo a quem não se sentir a vontade, o livre direito de se afastar se assim preferir.
 
Quando realizo palestras para pessoas com e sem deficiência, uma das questões fundantes que coloco, é o livre direito da pessoa escolher aquilo que melhor a atende no que concerne a qualidade de vida, e isso pode ser uma bengala, um cão-guia, um vídeo ampliador, um leitor de tela ou qualquer outro recurso que a satisfaça, pois sou pautado pelo respeito à escolha de cada um e estou convicto de que a independência, o caráter, a dignidade e a ética, perpassam estas questões de possibilidade e opções, mas nunca deixarei de dar meu testemunho pessoal do quão minha vida se transformou para melhor com a utilização de um cão-guia, embora pense que essa disputa que algumas pessoas tentam instigar entre bengala x cão-guia, é mastodonticamente improdutiva, à medida que um e outro não concorrem, como a pequeneza de alguns tentam fazer parecer.
 
Concluindo, chegará um dia que os aproximadamente oitenta usuários de cão-guia de nosso país, serão oitocentos e, mais à frente, quem sabe, oito mil. E ainda, sem que se diga que nós, deficiêntes visuais, não posssamos estar entre amigos por conta da utilização de nossos cães-guias, como vc tenta sugerir ou que este ou aquele recurso seja melhor que outro. Porque o importante é que estaremos sim, cada vez mais, compartilhando espaços comuns, exercitando cidadania, respeitando e convivendo com as diferenças entre os iguais já que todos fazemos parte da mesma espécie humana.
 

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 Marcos André Leandro
em novembro 6th, 2010 @ 18:16
Quero me dirigir ao nosso prezado Marcel Victor Sousa,
Para comentar e responder às abobrinhas que escreveu.
Eu ia rebater suas declarações preconceituosas ponto a ponto, mas o Beto Pereira, já fez isso com total
maestria e propriedade.
Só gostaria de reforçar cada palavra que ele falou, dando total apoio no que diz respeito à parceria entre homem e cão-guia.
Gostaria de dizer ainda, que você é no mínimo infeliz, quando diz que o cachorro se torna uma máquina, o que demonstra claramente que não entende absolutamente nada daquilo que está criticando. É lamentável que um jornalista haja assim, e tão levianamente exponha suas idéias preconceituosas, a cerca de um tema importante para uma classe. Ou seja, você mostra que não será um bom jornalista, porque é parcial, e não investiga um
tema antes de escrever sobre ele. Eu que nunca fiz faculdade de jornalismo, sei que os bons jornalistas são
obrigados a pesquisar todos os pontos de vista de uma matéria, antes de escrever, justamente para não
escrever tantas asneiras como você fez. Parece que não ensinaram isso na faculdade que você cursou.
Me responda, qual é o cachorro mais feliz, é aquele que está 24 horas com seu dono, que é para ele, o líder,
o superior, o pai? Ou será aquele que fica trancado em um quintal, ou mesmo em um apartamento minúsculo o dia
inteiro? Acho que nem preciso responder… Logo, máquina ele não é, porque máquina não demonstra felicidade.
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Por vezes, saio sem levar meu cão-guia… E, me pergunte como ele fica? Respondo, fica triste. Ou você acha
que cães não possuem sentimentos, não sabem o que é tristeza nem alegria?
Você alega que o Beto diz o que se pode ou não fazer enquanto o cão-guia está em trabalho, para embasar sua
opinião de que o cão se torna um escravo… Me responda, quando você está trabalhando, gosta que seus colegas
fiquem brincando com você, mexendo nos seus papéis, ou coisa do tipo? Será que isso não tira sua atenção? Da
mesma forma tira a atenção do cão. Não porque ele seja uma máquina, novamente, isso prova justamente o
contrário.
O cão-guia, não é um escravo, é apenas e verdadeiramente, um cão que trabalha. Um cão que tem uma função útil
e real, que é a de guiar uma pessoa cega. Talvez fosse correto considerar que escravos e máquinas, são aqueles cães que ficam aprisionados em seus quintais, com a missão de espantar bandidos, e exposto a todo tipo de violência, seja dos vizinhos, seja de outros animais, seja das intempéries da natureza, etc…
O terceiro ponto das suas abobrinhas, nem vou comentar, porque você não é cego, e não sabe o que significa
independência enquanto pessoa cega. Faça um trabalho descente de jornalismo, e vivencie a realidade de um
cego, para depois escrever sobre isso. Coloque venda nos olhos, e tente andar sozinho, dependendo de outras
pessoas como você diz ser a maior maravilha do mundo. Use uma bengala para isso. Depois, faça o mesmo com um
cão-guia, e só então darei atenção à sua opinião preconceituosa, ainda que ela continue sendo parcial e
tendenciosa. Mas lembre, um bom jornalista, faria antes um curso de O.M., para poder usar corretamente a
bengala, e depois o cão-guia.
E, ainda neste tópico, uma opinião absolutamente pessoal: Deixar de me relacionar com um ser humano, para me
relacionar com um cachorro, acho que foi uma das melhores coisas que me aconteceu. O cachorro não é um ser
inferior como você diz. Um cachorro, jamais escreveria um artigo tão preconceituoso, um cachorro não atira em uma mulher
 
indefesa e depois joga o carro desta mulher ferida, dentro de um rio, para que morra sangrando e afogada, um
cachorro não esquarteja uma mulher e joga as partes para os seres humanos comerem, apenas para não pagar
pensão do próprio filho… Quem é mesmo inferior? Quem é mesmo imagem e semelhança de Deus?
Quem é que não trai sua natureza a não ser para ajudar a um outro ser, ainda que este não seja de sua própria
espécie? Repense meu caro, porque eu não tenho o menor orgulho de fazer parte disso que você chama de raça
superior. Prefiro infinitamente depender do meu cachorro sim!
E, só para finalizar, ninguém usuário de cão-guia, defende o uso do cão-guia como a única, muito menos como a
melhor alternativa de locomoção e independência do cego. Pelo contrário, os avessos ao cão-guia é que tentam
sistematicamente e sem fundamento, denegrir o uso do cão-guia, com as alegações mais estapafúrdias, como: "O
cão-guia é sujo", mas esquece-se de dizer que muitos cegos usuários de bengala, metem a bengala na merda, e
depois colocam, sem saber que está suja, a mesma bengala sobre a mesa de um restaurante, enquanto o cão-guia,
além de nunca pisar em merda nem deixar o seu dono pisar, fica sempre debaixo da mesa e nunca sobre esta.
Quanto a dizer que o cão-guia afasta algumas pessoas que possam ter medo ou alergia, certamente esta é a
única coisa que disse com coerência. Mas, quem tem alergia ao pelo de cachorro, tem a qualquer cachorro e não
apenas ao pelo do cão-guia. Portanto essas pessoas se afastarão não apenas do cego com cão-guia, mas se
afastarão de madames que estejam passeando no shopping com seu yorkshire, poodle, e até mesmo com um casaco
de pele. E os que tem medo ou não gostam de cachorro… Desculpe, mas quem não gosta de cachorro ou tem medo
de seres como esses que são além de treinados, visivelmente dóceis, realmente dessas pessoas, quero distância. Prefiro que se mantenham afastadas de mim.
Entre a companhia de um ser humano preconceituoso como você, e a do meu cão-guia, prefiro infinitamente a do
meu cão-guia.
No fim, acabei escrevendo demais. Mas não consigo ficar quieto quando leio tantas abobrinhas.
Abraços,
 
Marcos André Leandro
Usuário de cão-guia
E, infelizmente, ser humano.
 

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Sem mais o que comentar,
 
Marcos André Leandro
no twitter
@marcosaleandro